quarta-feira, 4 de setembro de 2019


               A prostituta de boas intenções

Antigamente o homem que quisesse ter uma mulher por uma noite, se dirigia aos Cabarés do Recife Antigo que na época eram chamados de Zonas do Rio Branco ou “inferninhos”, em busca das prostitutas do lugar. Havia aqueles freqüentadores muito solitários que às vezes propunham a elas um casamento e as levava para morar com eles. Alguns casos davam certo outros não. Nos tempos modernos, este tipo de profissional do sexo passou a ser conhecida como “mulher de programa” ou “massagista”, que realiza o seu trabalho nessas casas de massagem suspeitas. Numa época em que eu estava solteiro e morando sozinho, e não tinha recursos financeiros suficientes para ir aos eventos de lazer onde pudesse conhecer uma pretensa companheira, arquitetei um plano para ter em pouco tempo uma mulher que estivesse à minha disposição pelo menos nos finais de semana lá em casa. Eu iria propor um namoro sério a uma garota de programa. Chegando a uma dessas casas, escolhi a mais bela e alta massagista do lugar que após o seu serviço de massagem, aproveitei para lhe fazer a seguinte pergunta: “Se você encontrasse um homem que lhe propusesse um relacionamento sério para depois você ir morar com ele, toparia?”. Ela respondeu: “E qual o homem que teria a coragem para isso?”. Respondi: “Eu!”.
Ela me confessou que certa vez foi morar com um senhor que tinha duas filhas adolescentes. Ele fez a besteira de contar o passado dela para as filhas, as quais, a partir daí, passaram a agredi-la moralmente. Revelei que eu morava sozinho e não havia esse perigo, ainda mais que eu era discreto e não contaria isso para ninguém. Na primeira noite que eu fui esperá-la na entrada do prédio onde ela trabalhava, fiquei com vergonha até das minhas vestes, uma vez que ela me apareceu com um terno feminino, adornado por um lindo blazer, dizendo que aquela era a farda da casa de massagem, e que todas as meninas massagistas usavam-no para disfarçar o real trabalho delas. No primeiro final de semana lá em casa foi tudo bem. Porém, do segundo em diante ela sempre levava um filho com apenas um ano de idade que deveria ter mais de vinte quilos. Eu era obrigado a carregá-lo nos braços do terminal dos ônibus até lá em casa, subindo uma ladeira considerável, o que deixava às minhas costas tão doloridas que parecia que iam se rasgar ao meio. A mãe dela dizia que não ficaria tomando conta do menino, pois quem quisesse a mãe deveria também querer aquele seu neto de corpo avantajado que só vivia comendo.
Aquela prostituta de boas intenções estava mesmo querendo se casar comigo e passou a fazer um curso de cabeleireira para deixar aquela vida dita “fácil”. Só que quando me deu a relação dos produtos exigidos pela professora desse curso, eu tive um susto, pois o valor total correspondia a dois salários meus. Por outro lado, na realidade eu não pretendia continuar com aquele relacionamento maluco, ainda mais quando eu passei a ter ciúmes dela ao vê-la sair com “amigos” milionários que até nos sentimentos botam preço. No entanto, enquanto os outros pagavam, eu a tinha de graça. Foi então que lhe disse que não teria dinheiro para bancar o seu curso. Ela passou três finais de semana sem ir para a minha casa e eu coloquei um anúncio nos classificados dos jornais em busca de uma nova companheira. Ela foi uma das que me ligaram, e me disse: “Sabidinho, você, não é? Só quer mulher na bandeja e gratuitamente”. Do outro lado da linha eu ouvi a gargalhada de suas amigas.
Mas falando de homens que terminam se apaixonando por esse tipo de mulher, existe uma música chamada “ESSA DONA”, magistralmente interpretada pelo cantor Ricky Vallen que tive o prazer de conhecer pessoalmente e todos os sábados às 17 horas ele está participando do Quadro musical “Shadow Brasil” no Programa do Raul Gil no SBT. Assisti o Ricky Vallen pela primeira vez no Manhattan Café Theatro, quando eu lhe revelei que uma velhinha amiga minha estava quase cegando e queria ver ele de perto, antes de ficar totalmente sem visão. Então, inesperadamente, durante a sua apresentação, ele deu um pulo do palco, se ajoelhou diante dela em nossa mesa e cantando próximo ao seu rosto lhe acariciou o cabelo. Esta cena ficou gravada numa foto que ela mandou fazer um pôster, emoldurou e colocou na sala de estar.  Confiram agora a sua interpretação para a aludida música, dando um clique abaixo.

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