crise na saúde x REZADEIRAs
A sabedoria ancestral tem permanecido resistente mesmo diante dos
avanços tecnológicos e da medicina. No interior do Brasil, principalmente
no Nordeste algumas pessoas ainda têm
o costume de procurar a cura do corpo e da alma através da fé e sabedoria das
rezadeiras, mulheres com um dom que mantêm viva uma tradição cultural que é
passada de geração em geração. Se revirarmos a história do nosso país, lá
encontraremos a figura das rezadeiras que se originam da cultura indígena e
africana, conhecedoras de ervas e suas funções. Elas, por muitas vezes eram o
único auxílio, procurado para amenizar sofrimentos e curar dores. São
consideradas "guardiãs da memória" por preservarem os
ritos e orações. O espaço físico para exercer o seu dom, geralmente é no
quintal, terreiro ou na sala de casa diante de um pequeno
altar, um campo de representações simbólicas.
As rezadeiras também são responsáveis pelo “fechamento de corpo” de
pessoas que lidam com o perigo de morte diariamente. Elas realizam esse ritual
fazendo gestos com uma corda ou cordão, balbuciando orações. Dizem que Lampião
que foi o rei do cangaço no Sertão teria o corpo fechado por uma rezadeira e
por isso demorou muito para ser assassinado. E mesmo assim por causa de uma
emboscada. O fechamento de corpo é
baseado em uma oração de proteção que resulta em um corpo protegido. O ritual é
feito para afastar o mal — seja ou espiritual, físico ou os dois. Se a garantia
procurada for no sentido físico, o beneficiário acreditaria estar
protegido contra ataques dos seus inimigos, sejam eles perpetrados
por facas, armas de fogo ou veneno de cobra. Quando eu ainda era criança
estava com uma dor de cabeça insuportável e a minha mãe me levou para uma
rezadeira. Com um galho de mato ela começou a percorrer minha cabeça e ombros
balbuciando palavras que eu não entendia. Nisso senti como se um bolo de ar saísse
pela minha boca e na mesma hora o meu corpo ficou tão leve que eu pensei que
iria voar e a dor de cabeça passou imediatamente.
Com a crise que existe na saúde, com profissionais que deveriam ser os mais bem pagos do país e que percebem um salário de miséria, como as técnicas de enfermagem de Pernambuco, as benzedeiras voltarão a ter destaque novamente entre a população pobre do Brasil. Essas rezadeiras não
escolhem tipos de pessoas para realizarem esses trabalhos. Tanto faz ser em
prol de uma pessoa de família, quanto direcionado a um bandido. José Tiago
Sabino Pereira, mais conhecido pelo nome artístico PROJOTA, rapper, compositor
e ator brasileiro, fez uma música em homenagem a rezadeira que fala sobre esse
lado dessa profissional popular que se dedica exclusivamente a curar e proteger
a população mais pobre do interior do Nordeste e das favelas dos grandes
centros urbanos. Talvez ele tenha visto de perto o poder dessas rezadeiras e
tenha se inspirado para compor esta música que fez o jogador Neymar Júnior
chorar, cujo clipe foi postado no youtube por Jackson Rodrigues e eu aproveitei para ser a canção tema desta minha crônica. Confira abaixo. NOTA: O MEU BLOG ESTÁ ENTRANDO DE RECESSO E ASSIM SÓ VOLTAREI A PUBLICAR AS MINHAS CRÔNICAS DEPOIS DO CARNAVAL, (DIA 02 DE MARÇO), VERSANDO SOBRE A IMPORTÂNCIA DA MULHER NO MUNDO. BOM DIVERTIMENTO PARA QUEM VAI CAIR NA FOLIA E BOM DESCANSO PARA OS RETIRANTES.