quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

crise na saúde x REZADEIRAs

A sabedoria ancestral tem permanecido resistente mesmo diante dos avanços tecnológicos e da medicina. No interior do Brasil, principalmente no Nordeste algumas pessoas ainda têm o costume de procurar a cura do corpo e da alma através da fé e sabedoria das rezadeiras, mulheres com um dom que mantêm viva uma tradição cultural que é passada de geração em geração. Se revirarmos a história do nosso país, lá encontraremos a figura das rezadeiras que se originam da cultura indígena e africana, conhecedoras de ervas e suas funções. Elas, por muitas vezes eram o único auxílio, procurado para amenizar sofrimentos e curar dores. São consideradas "guardiãs da memória" por preservarem os ritos e orações. O espaço físico para exercer o seu dom, geralmente é no quintal, terreiro ou na sala de casa diante de um pequeno altar, um campo de representações simbólicas.
As rezadeiras também são responsáveis pelo “fechamento de corpo” de pessoas que lidam com o perigo de morte diariamente. Elas realizam esse ritual fazendo gestos com uma corda ou cordão, balbuciando orações. Dizem que Lampião que foi o rei do cangaço no Sertão teria o corpo fechado por uma rezadeira e por isso demorou muito para ser assassinado. E mesmo assim por causa de uma emboscada. O fechamento de corpo é baseado em uma oração de proteção que resulta em um corpo protegido. O ritual é feito para afastar o mal — seja ou espiritual, físico ou os dois. Se a garantia procurada for no sentido físico, o beneficiário acreditaria estar protegido contra ataques dos seus inimigos, sejam eles perpetrados por facas, armas de fogo ou veneno de cobra. Quando eu ainda era criança estava com uma dor de cabeça insuportável e a minha mãe me levou para uma rezadeira. Com um galho de mato ela começou a percorrer minha cabeça e ombros balbuciando palavras que eu não entendia. Nisso senti como se um bolo de ar saísse pela minha boca e na mesma hora o meu corpo ficou tão leve que eu pensei que iria voar e a dor de cabeça passou imediatamente.
Com a crise que existe na saúde, com profissionais que deveriam ser os mais bem pagos do país e que percebem um salário de miséria, como as técnicas de enfermagem de Pernambuco, as benzedeiras voltarão a ter destaque novamente entre a população pobre do Brasil. Essas rezadeiras não escolhem tipos de pessoas para realizarem esses trabalhos. Tanto faz ser em prol de uma pessoa de família, quanto direcionado a um bandido. José Tiago Sabino Pereira, mais conhecido pelo nome artístico PROJOTA, rapper, compositor e ator brasileiro, fez uma música em homenagem a rezadeira que fala sobre esse lado dessa profissional popular que se dedica exclusivamente a curar e proteger a população mais pobre do interior do Nordeste e das favelas dos grandes centros urbanos. Talvez ele tenha visto de perto o poder dessas rezadeiras e tenha se inspirado para compor esta música que fez o jogador Neymar Júnior chorar, cujo clipe foi postado no youtube por Jackson Rodrigues e eu aproveitei para ser a canção tema desta minha crônica. Confira abaixo. NOTA: O MEU BLOG ESTÁ ENTRANDO DE RECESSO E ASSIM SÓ VOLTAREI A PUBLICAR AS MINHAS CRÔNICAS DEPOIS DO CARNAVAL, (DIA 02 DE MARÇO), VERSANDO SOBRE A IMPORTÂNCIA DA MULHER NO MUNDO. BOM DIVERTIMENTO PARA QUEM VAI CAIR NA FOLIA E BOM DESCANSO PARA OS RETIRANTES. 

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