quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

OS PARASITAS Do GUEDES


O Ministro da Economia, Paulo Guedes, declarou na mídia que os servidores públicos são “parasitas”.  A presidente da Associação e Sindicato dos Diplomatas Brasileiros (ADB Sindical), embaixadora Maria Celina de Azevedo Rodrigues, disse se sentir “insultada, revoltada e indignada por uma classificação tão injusta”. Outras categorias, como auditores fiscais e policiais federais, também já protestaram contra a fala de Guedes. Além da reação do setor, a declaração do ministro irritou até políticos que apoiam o governo, o que levou o Ministério da Economia a divulgar ainda na sexta-feira uma nota para se explicar. Segundo a pasta, a fala "foi retirada de contexto". Guedes disse que “a aprovação de uma reforma administrativa é necessária para fazer com que mais recursos possam ser direcionados a áreas essenciais. 80% da população brasileira é a favor, inclusive, de demissão do funcionário público, estão muito na frente da gente". O governo ainda não enviou ao Congresso sua proposta de reforma administrativa do Estado. Pelo que já foi divulgado, haverá redução no número de carreiras e também no salário inicial do servidor, além de mudanças na chamada estabilidade - que hoje, na prática, impede que os servidores sejam demitidos.
O que dificulta um feedback positivo entre os interlocutores do governo federal e a mídia é a generalização de tudo aquilo a que faz referência. Eles quase não usam as palavras “ALGUNS” ou “BOA PARTE”. Muitos servidores das três esferas do governo (federal, estadual e municipal) e boa parte da população sabem que realmente existem parasitas nos órgãos públicos, como também na política. Segundo o dicionário popular: “Um parasita em ambiente de trabalho é aquele indivíduo que não quer fazer nada, que apesar de ser bem remunerado fica o dia todo enrolando, ou que tira vantagem dos outros”. Você que é servidor público, nunca conviveu com um tipo assim? Eu já convivi com vários. E nas empresas privadas, Assembleias Legislativas e Câmara também existem muitos desses, senhor Guedes. O jornalista Cláudio Humberto em sua coluna no Jornal do Commercio do dia 10/02/2020, publicou a seguinte notinha: “Esta semana, Assembleias Legislativas e até a Câmara realizaram sessões comemorativas para marcar o início dos trabalhos. Só quem não é habituado a dar duro faz tanto alarde por algo que é obrigação”. Na repartição pública onde me aposentei, existiam aqueles que batiam o ponto e iam embora farrear, jogar boliche, bater papo na praça, passear, etc. Outros nem se davam a esse trabalho, pois gratificava a algum amigo para bater o cartão do ponto por ele e nem compareciam ao expediente. Os que não gostavam de “voar” do expediente, ficavam dormindo na sua cadeira em frente ao birô.
Os que tinham paletó usavam da esperteza de deixá-lo na cadeira do birô onde trabalhava, dando a entender que estaria ali por perto e nunca avisava para onde ia. Ainda existiam aqueles que usufruíam de benesses sem ter direito. Por exemplo, recebiam vale refeição, mesmo trabalhando num só expediente. Alguns recebiam dois tipos de vale transporte, mesmo morando perto do órgão, indo trabalhar a pés. Quando assumi a pasta responsável pela entrega desses tipos de vales, fiz muito inimigos, pois sai excluindo aqueles que não tinham esses direitos, uma vez que eu trabalhava para o órgão e não para os amigos. Ainda hoje, mesmo aposentado, trabalho em empresa privada e ainda colho inimigos por querer tudo nos conformes. Atualmente, é possível encontrar em algumas escolas públicas aquelas professoras que erraram de profissão, pois não gostam de ensinar ou não ensinam adequadamente aos seus alunos, por preguiça herdada dos pais. Vivem justificando faltas constantes através de atestados médicos duvidosos e olhando as redes sociais nos horários das aulas. Faz-se mister uma fiscalização de surpresa pelas secretarias de educação das prefeituras e dos Estados. Portanto, esses são os verdadeiros “parasitas” do Guedes, o qual terminou por generalizar injustamente culpados e inocentes, igualando-os àqueles que realmente merecem o justo título. Uma música que lembra bem este tema é a música “Vai trabalhar vagabundo” do Chico Buarque, que já postei em outra crônica, mas achei um clipe diferente para essa reveladora canção. Confira no link abaixo: 

4 comentários:

  1. Tenho 72 anos. Trabalhei em 3 empresas de economia mista. Havia cobrança de resultados mas mesmo assim tínhamos muito tempo de ócio. Mas estes péssimos exemplos normalmente vinha de cima. Diretorias cheias de japonês com os mais altos salários. Sua narrativa foi muito fiel.

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  2. Excelente !!! Todos que trabalharam no setor público conviveu com esses tipos de profissionais ele não falou nada de errado 👏👏👏👏👏👏

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  3. Muito bom. Tentei compartilhar mas o face não deixa... Eu tb fui funcionária pública e vi muitas situações como as descritas no texto...

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