segunda-feira, 9 de setembro de 2019

O TEATRO DO PARQUE E A VOZ DO CORDEIRO


A primeira vez que eu fiquei deslumbrado ao assistir ao seu show foi no Teatro do Parque em Recife. O meu irmão mais velho era fã dele e foi quem me levou para assisti-lo e também me influenciou a gostar de música boa. A nossa formação cultural ou nível social não influência em nosso gosto musical, a sensibilidade da alma, sim. Também naquele tempo não existia esses cantores de voz fanha e cantoras de voz masculinizada que corta as sílabas ao cantar, e defendem músicas com letras sem mensagens de valor. O centenário Teatro do Parque, inaugurado em 24 de agosto de 1915, localizado na Rua do Hospício e agora abandonado, já foi palco de projetos de sucesso, como “PIXIGUINHA” e “SEIS E MEIA”, onde pontualmente às dezoito horas e trinta minutos (horário ideal para irmos a um evento, quando o corpo ainda não pede cama), apresentava shows históricos de monstros sagrados da MPB, como Gonzaguinha, Jackson do Pandeiro, Alceu Valença, Fafá de Belém, Beto Guedes, Edson Cordeiro, e outros que não lembro agora. O Teatro do Parque também foi escolhido por Gilberto Gil para o seu primeiro show no Brasil após o fim do exílio em Londres.



O show que eu achei mais espetacular nesse teatro e que me deixou em estado de êxtase foi o do cantor Edson Cordeiro. Suas distinções são o timbre vocal de contratenor (voz masculina aguda, cuja tessitura pode corresponder à de soprano, do alto ou do contralto) e o repertório eclético, que inclui autores tão diversos como Noel Rosa, Janis Joplin, Rolling Stones, Chico Buarque, Mozart e Nina Hagen. Quando ele interpretou ali pela primeira vez a música “NATURTRANE” (Lagrimas da Natureza) de Nina Hagen (cantora alemã, famosa por suas extravagâncias vocais) ele se superou e superou a postura vocal até da própria Nina.  Eu me senti como diz no início da letra da música: “Pela janela eu posso ver / As nuvens dançando no céu”. Vejam o clipe da música acessando o link acima. Da última vez que eu fui assisti-lo no Teatro Guararapes em Olinda, ele não precisou mais do que um piano para lhe acompanhar, pois o maior atrativo é a sua voz e a sua força de expressão nas suas interpretações. Uma das mais recentes gravadas por ele é “Fado Tropical” do Chico Buarque de Holanda e Ruy Guerra (um banho de encenação teatral e postura de voz). Confiram clicando no link abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=mGYvIJqZlzs


Nenhum comentário:

Postar um comentário