O TEATRO DO PARQUE E A VOZ DO CORDEIRO
A primeira vez que eu fiquei deslumbrado ao assistir ao seu show
foi no Teatro do Parque em Recife. O meu irmão mais velho era fã dele e foi
quem me levou para assisti-lo e também me influenciou a gostar de música boa. A
nossa formação cultural ou nível social não influência em nosso gosto musical,
a sensibilidade da alma, sim. Também naquele tempo não existia esses cantores
de voz fanha e cantoras de voz masculinizada que corta as sílabas ao cantar, e
defendem músicas com letras sem mensagens de valor. O centenário Teatro do
Parque, inaugurado em 24 de agosto de 1915, localizado na Rua do Hospício e
agora abandonado, já foi palco de projetos de sucesso, como “PIXIGUINHA” e
“SEIS E MEIA”, onde pontualmente às dezoito horas e trinta minutos (horário ideal
para irmos a um evento, quando o corpo ainda não pede cama), apresentava shows
históricos de monstros sagrados da MPB, como Gonzaguinha, Jackson do Pandeiro,
Alceu Valença, Fafá de Belém, Beto Guedes, Edson Cordeiro, e outros que não
lembro agora. O Teatro do Parque também foi escolhido por Gilberto Gil para o
seu primeiro show no Brasil após o fim do exílio em Londres.
O show que eu achei mais
espetacular nesse teatro e que me deixou em estado de êxtase foi o do cantor
Edson Cordeiro. Suas distinções são o timbre vocal de contratenor (voz
masculina aguda, cuja tessitura pode corresponder à de soprano, do alto ou do
contralto) e o repertório eclético, que inclui autores tão diversos como Noel
Rosa, Janis Joplin, Rolling Stones, Chico Buarque, Mozart e Nina Hagen. Quando
ele interpretou ali pela primeira vez a música “NATURTRANE” (Lagrimas da
Natureza) de Nina Hagen (cantora alemã, famosa por suas extravagâncias vocais)
ele se superou e superou a postura vocal até da própria Nina. Eu me senti como diz no início da letra da música:
“Pela janela eu posso ver / As nuvens dançando no céu”. Vejam o clipe da música acessando o link acima. Da última vez que
eu fui assisti-lo no Teatro Guararapes em Olinda, ele não precisou mais do que
um piano para lhe acompanhar, pois o maior atrativo é a sua voz e a sua força
de expressão nas suas interpretações. Uma das mais recentes gravadas por ele é
“Fado Tropical” do Chico Buarque de Holanda e Ruy Guerra (um banho de encenação
teatral e postura de voz). Confiram clicando no link abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=mGYvIJqZlzs
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