terça-feira, 24 de setembro de 2019


QUARENTENa maldita



Esta é mais uma história da minha coleção do tempo de solteirão divorciado. Conheci uma cabocla com a qual passava finais de semana maravilhosos lá em casa. Tudo ia muito bem quanto ao nosso relacionamento. Ela me revelou que lia o futuro das pessoas através das palmas das mãos e que frequentava xangô, pois era “filha de santo”. No seu caso, de “Filha de Santa” que ela alegava ser da parte de Yemanjá. Fisicamente ela até que parecia com essa rainha das águas que eu via nos quadros pintados pendurados nas paredes dos terreiros onde já frequentei, quando tocava com os meus primos nos terreiros para os “Filhos de Santo” dançarem xangô nos rituais dirigidos aos espíritos. Um deles tocava atabaque, o outro maraca e eu agogô. Mas a nossa principal intenção era namorar as “filhas de santo” e comer mungunzá, bode assado na brasa e tomar cerveja. Certo dia ela me contou a causa dos diversos rompimentos dos seus relacionamentos amorosos anteriores. Segundo a sua revelação, quando ela incorporava a entidade espiritual da Yemanjá, muitas vezes recebia como castigo de algum ato falho seu praticado durante os dias anteriores, a incumbência de passar 40 (quarenta) dias sem poder praticar relações sexuais.
Ao saber disso, me veio um calafrio e argumentei que essas “quarentenas” só dariam certo no nosso relacionamento quando eu completasse os meus 90 anos de idade (porque na época ainda não existia o VIAGRA), e assim fui mais um a terminar o namoro com ela. Passados uns 15 dias, ao chegar ao meu local de trabalho, o meu chefe me disse que uma mulher tinha me procurado e como não me encontrou teria deixado para mim um buquê de flores e um LP da Gal Costa onde tinha a gravação da música “Índia”, o qual eu havia a presenteado por achar essa cantora parecida com ela na época. Junto havia um cartão com uma mensagem de amor e despedida. Achei o ato muito estranho e como não tive mais contato com ela, não sei se aquele Buquê de Flores foi um “despacho” para forçar a minha volta para ela ou outra pretensão (?). Se a primeira intenção foi verdadeira, a “Santa” dela foi mais fraca que o meu “santo”, pois não funcionou. Mas, o que ficou mesmo na lembrança foi uma música do compositor e cantor Paulo Diniz, intitulada “Ciranda do Mar” que fala na Ilha de Itamaracá e em Yemanjá e que eu escutava muito na época. Ouçam ela dando um clique no link abaixo. 

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