AS PROCISSÕES (ANTIGAS E ATUAIS)
Nos anos 60, durante a minha infância e adolescência eu
gostava de dirigir novenas religiosas na casa do sítio do meu tio num lugarejo
chamado Cai-Ai em Surubim, cidade do agreste de Pernambuco, diante de um
pequeno altar que existia na sala. Eu rezava em voz alta o primeiro período de uma determinada oração e as pessoas presentes davam seguimento à sua segunda parte em forma de cântico, também em bom tom. Outro costume meu naquela época era
acompanhar as procissões religiosas. A Procissão é
um corpo organizado de pessoas caminhando de uma maneira formal ou cerimonial.
Muitas vezes acontece sob a forma de um cortejo realizado em marcha solene
normalmente pelas ruas de uma cidade, carregando imagens e entoando orações ou
cânticos. Nessas procissões de
antigamente a gente carregava uma vela dentro de um funil feito de papel. Hoje
esses protetores de velas, para que elas não se apaguem pela ventania presente
nas ruas, são mais sofisticados. Alguns são em formato de taças, feitas de
vidro.
Atualmente
a PROCISSÃO que
eu acompanho é diferente. É a procissão dos
carros, cujos motoristas não possuem
habilidade suficiente na dirigibilidade dos seus veículos, ocasionando
congestionamentos quilométricos. A prova dessa falta de uma adequada condução
do automóvel é que se eu estiver na primeira posição diante de um semáforo vermelho,
quando ele fica verde, dou partida normal no meu carro, trocando as marchas no
tempo certo, sem precisar dar “arrancadas”, e mesmo assim quando olho para trás
vejo os outros veículos numa distância considerável. O problema é que eles
engatam a primeira marcha, e para passar à segunda, ligam primeiro para os seus
parentes e para o DETRAN,
pedindo permissão.
Esses
motoristas adeptos da procissão veicular também
saem de manhã bem cedo, sem estar dentro do horário deles de cumprir com as
suas obrigações cotidianas, talvez com medo de pegar engarrafamentos mais
tarde, e assim, sem pressa, passam a desenvolver uma velocidade em torno dos 40
km/h, sem se importar com quem está vindo atrás. E ainda mais, param diante de
sinais de pedestres num horário em que nem as formigas querem atravessar a
pista, pois estão dormindo. Nos países mais desenvolvidos quem trafegar numa
velocidade muito aquém à normal, na faixa de rolamento inapropriada para isso, também
é multado. Ora, se eles gostam de trafegar muito aquém da velocidade permitida,
então por que não saem de casa no horário do rush que é o horário de trafegar
devagar, quando ai sim eles podem ocasionar esse tipo de PROCISSÃO
VEICULAR? Eu já disse para a esposa que vou
pedir indenização a esses motoristas “fora de hora” por usar o meu horário de
manhã cedo, onde o registrei há anos como um “DIREITO AUTORAL”. Dependendo do
horário, existe procissão veicular até para lavar o
carro em lava jato e para abastecer o carro em postos de combustíveis.
Falando
nisso, num dia de sábado fui abastecer o veículo num posto do bairro onde moro,
vestindo uma bermuda azul, combinando com a sandália da foto acima que a
denominei de “Sandália da Anitta”.
Como sempre um frentista começou com aquelas repetidas perguntas chatas: “Doutor, o senhor quer que eu verifique o nível do óleo
do motor e do bojo da água de limpar o pára-brisa? Quer trocar as palhetas?”. Para ele não fazer mais perguntas, em tom de
brincadeira, respondi: “Nem toque nesse carro que ele é de uma professora que
não quer que ninguém chegue perto dele”. Foi Então que ele me deixou estupefato com o seu senso de
observação perspicaz, que eu não tinha visto em lugar nenhum até então: “Doutor,
ela deve ser uma ótima professora, não é mesmo?”. Sem entender, lhe indaguei: “Por quê?”. A resposta dele
foi reveladora para os tempos atuais, onde o desrespeito contra os professores
é evidente: “O carro dela não está arranhado! E o senhor está
usando a sandália dela”. Entre risadas o elogiei: “Rapaz, você tem uma excelente visão do que se passa ao
seu redor. Eu não tinha percebido esse detalhe do carro. Quanto à sandália, em
nenhum lugar que andei até hoje usando a mesma, ninguém percebeu que eu estaria
usando a sandália feminina que a cantora ANITTA fez propaganda na televisão,
com um designe diferente que me chamou a atenção e assim a adquiri para o meu
uso”. Disse também para ele que no meu Blog eu postei uma crônica
intitulada “SANDÁLIAS
DA ANITTA” onde conto detalhes como as
adquiri. Mas, voltando para o assunto da
procissão “antiga e atual (veicular), Gilberto Gil a descreveu numa bela
canção, cujo clipe foi postado por Moacir Silveira. Confira letra e melodia no
link abaixo.
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