quarta-feira, 20 de novembro de 2019

AS PROCISSÕES (ANTIGAS E ATUAIS)
Nos anos 60, durante a minha infância e adolescência eu gostava de dirigir novenas religiosas na casa do sítio do meu tio num lugarejo chamado Cai-Ai em Surubim, cidade do agreste de Pernambuco, diante de um pequeno altar que existia na sala. Eu rezava em voz alta o primeiro período de uma determinada oração e as pessoas presentes davam seguimento à sua segunda parte em forma de cântico, também em bom tom. Outro costume meu naquela época era acompanhar as procissões religiosas.  A Procissão é um corpo organizado de pessoas caminhando de uma maneira formal ou cerimonial. Muitas vezes acontece sob a forma de um cortejo realizado em marcha solene normalmente pelas ruas de uma cidade, carregando imagens e entoando orações ou cânticos. Nessas procissões de antigamente a gente carregava uma vela dentro de um funil feito de papel. Hoje esses protetores de velas, para que elas não se apaguem pela ventania presente nas ruas, são mais sofisticados. Alguns são em formato de taças, feitas de vidro.
Atualmente a PROCISSÃO que eu acompanho é diferente. É a procissão dos carros, cujos motoristas não possuem habilidade suficiente na dirigibilidade dos seus veículos, ocasionando congestionamentos quilométricos. A prova dessa falta de uma adequada condução do automóvel é que se eu estiver na primeira posição diante de um semáforo vermelho, quando ele fica verde, dou partida normal no meu carro, trocando as marchas no tempo certo, sem precisar dar “arrancadas”, e mesmo assim quando olho para trás vejo os outros veículos numa distância considerável. O problema é que eles engatam a primeira marcha, e para passar à segunda, ligam primeiro para os seus parentes e para o DETRAN, pedindo permissão.
Esses motoristas adeptos da procissão veicular também saem de manhã bem cedo, sem estar dentro do horário deles de cumprir com as suas obrigações cotidianas, talvez com medo de pegar engarrafamentos mais tarde, e assim, sem pressa, passam a desenvolver uma velocidade em torno dos 40 km/h, sem se importar com quem está vindo atrás. E ainda mais, param diante de sinais de pedestres num horário em que nem as formigas querem atravessar a pista, pois estão dormindo. Nos países mais desenvolvidos quem trafegar numa velocidade muito aquém à normal, na faixa de rolamento inapropriada para isso, também é multado. Ora, se eles gostam de trafegar muito aquém da velocidade permitida, então por que não saem de casa no horário do rush que é o horário de trafegar devagar, quando ai sim eles podem ocasionar esse tipo de PROCISSÃO VEICULAR?  Eu já disse para a esposa que vou pedir indenização a esses motoristas “fora de hora” por usar o meu horário de manhã cedo, onde o registrei há anos como um “DIREITO AUTORAL”. Dependendo do horário, existe procissão veicular até para lavar o carro em lava jato e para abastecer o carro em postos de combustíveis. 
Falando nisso, num dia de sábado fui abastecer o veículo num posto do bairro onde moro, vestindo uma bermuda azul, combinando com a sandália da foto acima que a denominei de “Sandália da Anitta”. Como sempre um frentista começou com aquelas repetidas perguntas chatas: “Doutor, o senhor quer que eu verifique o nível do óleo do motor e do bojo da água de limpar o pára-brisa? Quer trocar as palhetas?”. Para ele não fazer mais perguntas, em tom de brincadeira, respondi: “Nem toque nesse carro que ele é de uma professora que não quer que ninguém chegue perto dele”. Foi Então que ele me deixou estupefato com o seu senso de observação perspicaz, que eu não tinha visto em lugar nenhum até então: “Doutor, ela deve ser uma ótima professora, não é mesmo?”. Sem entender, lhe indaguei: “Por quê?”.  A resposta dele foi reveladora para os tempos atuais, onde o desrespeito contra os professores é evidente: “O carro dela não está arranhado! E o senhor está usando a sandália dela”. Entre risadas o elogiei: “Rapaz, você tem uma excelente visão do que se passa ao seu redor. Eu não tinha percebido esse detalhe do carro. Quanto à sandália, em nenhum lugar que andei até hoje usando a mesma, ninguém percebeu que eu estaria usando a sandália feminina que a cantora ANITTA fez propaganda na televisão, com um designe diferente que me chamou a atenção e assim a adquiri para o meu uso”. Disse também para ele que no meu Blog eu postei uma crônica intitulada “SANDÁLIAS DA ANITTA” onde conto detalhes como as adquiri. Mas, voltando para o assunto da procissão “antiga e atual (veicular), Gilberto Gil a descreveu numa bela canção, cujo clipe foi postado por Moacir Silveira. Confira letra e melodia no link abaixo. 

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