segunda-feira, 12 de agosto de 2019


O OLHAR DO CAVALO


Era tarde da noite. Vi um desses cavalos abandonados que a Prefeitura de Olinda não toma providências para recolhê-los, deitado em frente da minha casa. Achei que ele estava com sede e fome, então lhe ofereci água e algumas cascas de frutas, enquanto lhe falava com a voz suave. Ele deixou que eu o acariciasse e me encarou com um olhar que parecia refletir a dor do mundo ou talvez incomodado com três tagarelas que discutiam futebol perto dele com uma tonalidade de voz que parecia estar longe um dos outros, como acontece hoje em dia em lugares públicos, quando o ensurdecedor barulho de vozes torna os ambientes incômodos. Depois, imediatamente, ele deve ter sentido por mim a afeição dos fies, como sentem todos os animais quando bem tratados e tentou me seguir até dentro de casa.

A partir daí me veio à recordação das vezes em que cavalguei nesse tipo de animal, quando adolescente, montado no seu dorso em Surubim, Pernambuco, e após os vinte anos de idade em Jacobina na Bahia. Nesse último município, os vaqueiros do lugar me fizeram montar num cavalo bravo que desembestou comigo por dentro da caatinga que é um mato rasteiro e cheio de plantas com espinhos. Só ouvia de longe os vaqueiros gritando: “Deita a cabeça junto à cela!”. Mas já era tarde, voltei com o rosto ensanguentado, cortado pelo matagal. Ainda bem que os outros cavaleiros que também já estavam montados em seus cavalos conseguiram me alcançar e segurar aquele cavalo bravo. Mas foi o sangue mais doce que já escorreu pelo meu rosto. Uma experiência indescritivelmente muito boa. Uma música do Renato Teixeira, intitulada “Cavalo bravo” fala da beleza e o vigor emanados desse animal e da vontade que dá cavalgá-lo.
Falando no Renato, sábado passado fui com a esposa assistir ao seu show no Teatro Guararapes em Olinda, o qual se apresentou junto ao Oswaldo Montenegro e ambos nos deixaram maravilhados e com a sensação que esse evento ficará na história dos grandes encontros dos monstros sagrados da MPB. Dois mil e quatrocentos ingressos esgotados. Constatei que ainda existe muita gente de bom gosto musical. Pessoas de todas as idades. Pais ou mães ao lado dos seus filhos adolescentes, cumprindo o dever de também orientá-los musicalmente. Agora, segue aqui um conselho: Quem for para algum show no teatro Guararapes, não fique no estacionamento localizado ao lado da Cia. de Segurança Prosegur. São mais de duas mil pessoas saindo num mesmo instante, vários funcionários desnorteados para direcionar centenas de carros a um único portão ESTREITO. Com certeza os últimos sairão após duas horas. Mas, falando das minhas experiências com os cavalos e na música do Renato Teixeira que infelizmente não cantou no show “Cavalo Bravo”, confira abaixo o seu clipe musical, clicando no link.

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