segunda-feira, 21 de setembro de 2020

SURGE OUTRA PANDEMIA NO INTERIOR DE PERNAMBUCO 

Fui passar um final de semana no sítio da família da minha esposa no interior de Pernambuco, sob a alegação de participar de um aniversário de criança, porém no outro dia fizeram uma surpresa para ela ao comemorarem a sua segunda formação universitária, pois não é todo ano que uma camponesa é homenageada por fugir do campo para a cidade grande e conseguir concluir dois cursos universitários nas áreas de pedagogia e direito. O segredo dela? GOSTAR DE LER. Fizeram uma saborosa feijoada em panela de barro, cozida num fogão à lenha, tendo como sobremesa surpresas de uva e um bolo decorado. Ela matou a saudade da única tia ainda viva da família e reviu irmãos e cunhadas, além de ter ficado eternamente agradecida pela surpresa e os quitutes preparados de última hora pela sua querida prima ANA, profissional de "mão cheia" em preparação de kits de aniversários, batizados e casamentos. Fone 99427-0150.

 


 

 

 

 


 

Aproveitamos para dar um passeio até a colina mais alta do município de onde avistávamos lá embaixo um rio caudaloso e montanhas verdes pelas plantas e árvores que as encobriam, por onde passavam nuvens rasteiras, além de pássaros de todas as raças e cores que voavam bem alto para os seus ninhos. Então perguntei às pessoas que estavam ao meu redor: “Será que o paraíso é assim?”. O celular que nas áreas mais baixas não conseguiam sinais de áudio, começaram a funcionar imediatamente. Extasiado, aproveitei e liguei para a minha filha que mora em outro Estado para relatar o que eu estava vivenciando naquela hora. Mesmo estando de plantão em um hospital ela atendeu e eu exagerei dizendo que estava num paraíso sem ter morrido.

A fumaça que eu via entre as planícies não eram consequência daquelas queimadas criminosas que estão ocorrendo no sul do nosso país e em outros países, tornando-os num inferno aqui mesmo no planeta Terra, mas sim, o resultado da neblina, pelo tempo frio que logo se dissipou pelo calor do sol. O barulho que ouvíamos no local não era de veículos, nem daquelas pessoas mal-educadas que ao fazerem qualquer encontro familiar ou entre amigos ficam conversando aos berros, como querendo que toda a vizinhança participe dos seus assuntos, mas dos cantos daqueles belíssimos pássaros. Em reflexão, posso dizer que o paraíso ou o inferno pode ser aqui mesmo no planeta Terra, quem escolhe onde e como viver são os seres humanos que habitam nele. 


A diversão das crianças daquela localidade, não se resumia somente ao acesso de joguinhos no celular ou no computador, mas se balançando nas redes e nos balanços improvisados, construídos pelos seus pais, utilizando como suportes os galhos fortes das árvores. Correr atrás das galinhas e dos bodes, subir em animais de pequenos portes, também fazia parte das brincadeiras sadias, além de tomar banho nos rios e lagos da redondeza. Até a aniversariante, sob a minha orientação colocou a sua boneca que demos de presente para dar um passeio em cima do bode. Ele também gostou, pois nessa hora não ficou mais arredio como estava antes.


Aos sábados os moradores desse lugar onde o relógio não é muito utilizado e as horas têm preguiça de passar, vão à feira popular, onde se pode encontrar de tudo, igualmente àquela de Caruaru que já foi cantada em prosas e em versos. Nessa feira eu posso comprar produtos que não encontro nos supermercados da capital, como um desodorante spray que uso desde o tempo da vovó, o qual deixa-nos com um prolongamento da resfrescância de um banho frio. Estou falando do Contouré da embalagem amarela. Essas coisas simples e harmoniosas que faz bem à minha mente e ao meu espírito, eu finalizei à tarde, tomando uma saborosa cervejinha, no terraço da casa que dava vistas para o verde do matagal, ouvindo o complemento de tudo que vivi ali, pela dissertação das coisas simples, mas revigorantes existentes no Sertão, através das letras das canções do Luiz Gonzaga, contrastando com o gosto musical dos moradores da região que também foram contaminados com outro tipo da pandemia MAIS PERIGOSO DO QUE O COVID-19, pois desconstrói a cultura do nosso povo. Estou me referindo aos VÍRUS DA MÚSICA RUIM, que os matutos infelizmente o contraíram. 

Essas músicas ruins que falo são interpretadas por cantores que se autodenominam “SERTANEJOS”, mas que não faz lembrar nada do que existe no interior do Estado e nem no campo, como também eles não se referem nas suas músicas às coisas do Sertão. Eu os denominei SERTANEJOS GENÉRICOS, pois se esqueceram de incluir em seus repertórios, canções que lembrem tudo isso e muito mais do que eu relatei aqui e que existe no campo e nas matas. Quem sabe um dos compositores de suas canções não aproveite algumas citações desta crônica para compor uma delas. Mas, ao contrário do COVID-19, para este novo tipo de pandemia que também está se alastrando até nos pequenos vilarejos do Sertão, já existem dois tipos de VACINA, e você caro leitor ou leitora já pode usá-los. 

Basta acessar no youtube ou em alguma outra plataforma as músicas da MPB ou as canções dos AUTÊNTICOS cantores sertanejos, como o já citado Rei do Baião e os seus seguidores que são centenas, como Alceu Valença, Flávio José, Petrúcio Amorim, Renato Teixeira, Sérgio Reis, Almir Sater, as DUPLAS SERTANEJAS VERDADEIRAS, como Chitãozinho e Xororó, Mayck e Lyan, Victor & Leo e muitos outros do mesmo gênero. Ouça uma delas na voz do internacionalmente conhecido Luiz Gonzaga, e se deslumbre com as paisagens maravilhosas do seu vídeo clipe, dando um clique no link abaixo:

6 comentários:

  1. Parabéns pelo texto! Fico imensamente feliz em perceber que as coisas simples do interior causam sensações boas em você. É necessário sensibilidade para isso!

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  2. Belíssimas palavras amigo. Como também sou do interior, sei bem de que paraíso você está falando.👏👏👏👏👏👏

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  3. Nasci e cresci em sítio, amo a natureza. Parabém pelo lindo texto.

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  4. Maravilhoso seus blog. Amooo a natureza.parabéns pelo belo texto

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