QUAL A MAGIA QUE TEM A
PAIXÃO? (Homenagem à Marieta Borges)
O ano de 2019 nos trouxe bons momentos e outros tantos tristes. Os
tristes se deram entre outras causas por conta das perdas por morte dos nossos
ídolos e personalidades da cidade onde moramos. Uma dessas personalidades,
moradora da minha cidade Olinda, que partiram para outra vida, foi em vida
educadora, historiadora e poetisa, chamada Marieta Borges Lins e Silva, mais
conhecida como Marieta Borges, falecida aos 80 anos no dia 15 de dezembro de
2019. Ex-secretária de Educação e também
de Cultura de Olinda nas gestões do ex-prefeito de Olinda, Germano Coelho, nos
anos de 1978 e 1994, respectivamente, Marieta foi uma das idealizadoras do
grupo que resgatou e lutou pela restauração do Convento do Carmo da cidade,
além de ter sido a historiadora que escreveu a mais completa obra existente
sobre o arquipélago de Fernando de Noronha, através do seu livro “Fernando
de Noronha, Cinco Séculos de História”.
Marieta Borges era formada em Pedagogia, com especialização em história
e ensinou nos cursos de magistério de várias escolas particulares do Grande
Recife. O primeiro, dentre os seus livros de poesia, ela lançou em 1981,
intitulado “As Muitas Faces do Bem-Querer”. Um dos poemas publicado nele é o que exprime o amor que muitos
olindenses sentem pela sua cidade, quando diz em uma de suas estrofes: “Não foi
aqui que nasci: fostes escolhida para abrigar meus sonhos de futuro e agasalhar
os filhos que te trouxe, por meu desejo, filhos teus, OLINDA!”. Outro livro seu de poesia foi editado em 2005, intitulado “No Silêncio do Coração”.
Falando em Bem-Querer, que
na nova grafia alterada pelo Acordo Ortográfico ficou Benquerer, dentre
outros significados, diz-se da pessoa que estima em excesso. Eu também tenho
uma poesia que guardo no fundo do baú e que fala sobre a força de um sentimento
tão intenso que possui a capacidade de alterar o comportamento. Eu construí
esta poesia pensando naquele casal que mesmo separado por fortes motivos ainda
volta a se encontrar fortuitamente, longe dos olhos e dos conceitos da
sociedade, em nome do prazer. Num passado longínquo eu tive um relacionamento
de vários meses com uma mulher que tinha sido eleita a MISS APSE (Associação Pernambucana de Servidores do
Estado). Este era o título da vencedora
de um certame anual de beleza, que eu realizava no nosso Clube Balneário em
Candeias e era disputado por várias candidatas. As dez finalistas desse
concurso ganhavam os seus maiôs padronizados e sapatos para o desfile final,
quando então eram eleitas as três primeiras colocadas que recebiam valiosos
brindes.
Certo dia eu recebi um telefonema anônimo dizendo que ela estava me
traindo e que eu fosse para determinado lugar observar ela saindo com alguém
num carro de vidro fumê. Depois de constatada a traição, planejei a separação
para o outro dia, assim que amanhecesse, sem que antes tivesse com ela a última
e demorada noite de amor. Ao exemplo desse meu ato de aproveitar os últimos
momentos de prazer em nome de uma paixão que não deve ser confundida com amor, muitos
casais usam deste mesmo recurso, sem que o momento entre ambos seja favorável a
isso. Pensando nesses tipos de episódios, construí a minha poesia intitulada “A magia DA PAIXÃO” -
“Como suportar o
aprazimento da libido / Quando a sensualidade extasia-se sem censura / Como
voltar à cura / Se o torpor do gozo abre mais a ferida / Como evitar o laço /
Que não se faz frouxo / Se a febre dos corpos perfaz o afã do desejo / Como se
esquivar dos ensejos / Ou não ignorar tabus / Entre os dentes rangendo / No
furor dos gemidos / Com os olhos enxutos / Como não se entregar ao feitiço
astuto / E a cama fabricando um erotômano / Quando o tempo esconde a situação /
E todos que passam lá fora / Fecham os olhos ao coração”.
Depois de muito tempo desse ocorrido eu ouvi uma música que relata
fielmente o que aconteceu comigo e essa MISS APSE. O mesmo desfecho poderia se dá ao inverso, ou seja, a mulher
proporcionar ao homem que a traiu a última noite de amor, para ele guardar para
sempre na memória o que perdeu. Hoje eu tenho um DVD do cantor que a gravou e
que também é um dos maiores intérpretes do mundo para as músicas que descrevem
tragédias sentimentais. Veja abaixo o clipe da sua interpretação magistral,
dando um clique no link abaixo:
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