quarta-feira, 8 de janeiro de 2020


QUAL A MAGIA QUE TEM A PAIXÃO? (Homenagem à Marieta Borges)

O ano de 2019 nos trouxe bons momentos e outros tantos tristes. Os tristes se deram entre outras causas por conta das perdas por morte dos nossos ídolos e personalidades da cidade onde moramos. Uma dessas personalidades, moradora da minha cidade Olinda, que partiram para outra vida, foi em vida educadora, historiadora e poetisa, chamada Marieta Borges Lins e Silva, mais conhecida como Marieta Borges, falecida aos 80 anos no dia 15 de dezembro de 2019.  Ex-secretária de Educação e também de Cultura de Olinda nas gestões do ex-prefeito de Olinda, Germano Coelho, nos anos de 1978 e 1994, respectivamente, Marieta foi uma das idealizadoras do grupo que resgatou e lutou pela restauração do Convento do Carmo da cidade, além de ter sido a historiadora que escreveu a mais completa obra existente sobre o arquipélago de Fernando de Noronha, através do seu livro “Fernando de Noronha, Cinco Séculos de História”.
Marieta Borges era formada em Pedagogia, com especialização em história e ensinou nos cursos de magistério de várias escolas particulares do Grande Recife. O primeiro, dentre os seus livros de poesia, ela lançou em 1981, intitulado “As Muitas Faces do Bem-Querer”. Um dos poemas publicado nele é o que exprime o amor que muitos olindenses sentem pela sua cidade, quando diz em uma de suas estrofes: “Não foi aqui que nasci: fostes escolhida para abrigar meus sonhos de futuro e agasalhar os filhos que te trouxe, por meu desejo, filhos teus, OLINDA!”. Outro livro seu de poesia foi editado em 2005, intitulado “No Silêncio do Coração”.

Falando em Bem-Querer, que na nova grafia alterada pelo Acordo Ortográfico ficou Benquerer, dentre outros significados, diz-se da pessoa que estima em excesso. Eu também tenho uma poesia que guardo no fundo do baú e que fala sobre a força de um sentimento tão intenso que possui a capacidade de alterar o comportamento. Eu construí esta poesia pensando naquele casal que mesmo separado por fortes motivos ainda volta a se encontrar fortuitamente, longe dos olhos e dos conceitos da sociedade, em nome do prazer. Num passado longínquo eu tive um relacionamento de vários meses com uma mulher que tinha sido eleita a MISS APSE (Associação Pernambucana de Servidores do Estado). Este era o título da vencedora de um certame anual de beleza, que eu realizava no nosso Clube Balneário em Candeias e era disputado por várias candidatas. As dez finalistas desse concurso ganhavam os seus maiôs padronizados e sapatos para o desfile final, quando então eram eleitas as três primeiras colocadas que recebiam valiosos brindes.

Certo dia eu recebi um telefonema anônimo dizendo que ela estava me traindo e que eu fosse para determinado lugar observar ela saindo com alguém num carro de vidro fumê. Depois de constatada a traição, planejei a separação para o outro dia, assim que amanhecesse, sem que antes tivesse com ela a última e demorada noite de amor. Ao exemplo desse meu ato de aproveitar os últimos momentos de prazer em nome de uma paixão que não deve ser confundida com amor, muitos casais usam deste mesmo recurso, sem que o momento entre ambos seja favorável a isso. Pensando nesses tipos de episódios, construí a minha poesia intitulada “A magia DA PAIXÃO”  -
“Como suportar o aprazimento da libido / Quando a sensualidade extasia-se sem censura / Como voltar à cura / Se o torpor do gozo abre mais a ferida / Como evitar o laço / Que não se faz frouxo / Se a febre dos corpos perfaz o afã do desejo / Como se esquivar dos ensejos / Ou não ignorar tabus / Entre os dentes rangendo / No furor dos gemidos / Com os olhos enxutos / Como não se entregar ao feitiço astuto / E a cama fabricando um erotômano / Quando o tempo esconde a situação / E todos que passam lá fora / Fecham os olhos ao coração”.  
Depois de muito tempo desse ocorrido eu ouvi uma música que relata fielmente o que aconteceu comigo e essa MISS APSE. O mesmo desfecho poderia se dá ao inverso, ou seja, a mulher proporcionar ao homem que a traiu a última noite de amor, para ele guardar para sempre na memória o que perdeu. Hoje eu tenho um DVD do cantor que a gravou e que também é um dos maiores intérpretes do mundo para as músicas que descrevem tragédias sentimentais. Veja abaixo o clipe da sua interpretação magistral, dando um clique no link abaixo:

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