segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

COMO ESCOLHER MARACUJÁ (o talento do professor)

Vendo na mídia a notícia de que um Ministro da Educação que fala e escreve errado declarar que concursos públicos selecionam pessoas com viés de esquerda (e não os mais capacitados), fiz esta crônica revelando como você pode identificar um profissional da educação sem talento. Quando eu cursei Psicologia na Faculdade de Ciências Humanas de Olinda – FACHO, esta instituição de ensino superior se localizava no Alto da Sé. Depois de mais de seis anos subindo aquelas ladeiras eu constatei que paguei todos os meus pecados (os cometidos e os que ainda iria cometer). As ladeiras são extensas e inclinadas. Eu estava fugindo do curso de Zootecnia da Universidade Rural de Pernambuco, pois não conseguia assimilar tantas fórmulas de Química Analítica Qualitativa, Quantitativa e Orgânica, além de outras cadeiras. Já a maioria dos professores de psicologia era talentosa e eu conseguia entender o que eles transmitiam. Muitas vezes eu fazia as provas sem precisar estudar muito pelos livros, pois as explicações deles durante as aulas eram suficientes. Um desses bons professores era o psiquiatra Humberto Costa, hoje senador. Com a sua ida para o Senado, a FACHO perdeu um bom professor e a política ganhou mais um péssimo militante.

Mas havia um professor que quase nenhum colega dessa faculdade entendia o que ele tentava explicar quando estava lecionando. Para encobrir a sua incompetência na arte de transmitir conhecimentos ele se fazia uma figura temida pela prepotência e ignorância, assim todos tinham medo de até procurar tirar alguma dúvida durante as suas aulas. Com muita dificuldade consegui passar nas provas complexas que ele aplicava. Na época eu sobrevivia com um salário mínimo e a faculdade eu pagava com o programa do governo federal denominado “Crédito Educativo”. Não gastei um tostão na conclusão do curso, também porque sempre achei uma bobagem esse negócio de festa de formatura, anel, nomes em placas que ninguém lê, pregadas nas paredes das faculdades, numa total poluição visual, além de outros gastos desnecessários.
Passados alguns anos de formado eu encontrei o tal professor “durão” num supermercado de Olinda. Ele estava escolhendo maracujá.  Aproximei-me dele, o qual me reconheceu. Pela primeira vez eu pude dar-lhe um aperto de mão e um abraço. Perguntei como eu poderia escolher um bom maracujá, sem que as sementes e sua polpa estivessem seca ou muito azeda. Ele respondeu: “O maracujá tem que estar bem enrugado e amarelado; mais pesado que os demais; e a sua polpa não pode estar balançando dentro da casca”. Já marcando carreira para ele não me dar uma resposta à altura do que eu iria lhe dizer, desabafei: “Tai professor, esta foi à única explicação que o senhor me deu que eu consegui entender”. Ele ficou boquiaberto, sem ação, enquanto lhe dei as costas e sai dali apressado. Mas, falando em professores e estudantes, outra coisa que aprendi nas universidades daquele tempo foi ser fã de cantores e músicas de qualidade, hoje difícil de se ouvir entre os universitários. Na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), aprendi um pouco de espanhol, pois o livro principal da cadeira de Zootecnia era escrito nessa língua. Uma das cantoras que despontava no cenário mundial daquela época era Mercedez Sosa que gravou um dos maiores sucessos da Violeta Parra intitulado “ME GUSTA LOS ESTUDIANTES”, cujo clipe mostro no link abaixo:

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