COMO ESCOLHER MARACUJÁ (o
talento do professor)
Vendo na
mídia a notícia de que um Ministro da Educação que fala e escreve errado
declarar que concursos públicos selecionam pessoas com viés de esquerda (e não
os mais capacitados), fiz esta crônica revelando como você pode identificar um
profissional da educação sem talento. Quando eu cursei Psicologia na Faculdade
de Ciências Humanas de Olinda – FACHO, esta instituição de ensino superior se
localizava no Alto da Sé. Depois de mais de seis anos subindo aquelas ladeiras
eu constatei que paguei todos os meus pecados (os cometidos e os que ainda iria
cometer). As ladeiras são extensas e inclinadas. Eu estava fugindo do curso de
Zootecnia da Universidade Rural de Pernambuco, pois não conseguia assimilar
tantas fórmulas de Química Analítica Qualitativa, Quantitativa e Orgânica, além
de outras cadeiras. Já a maioria dos professores de psicologia era talentosa e
eu conseguia entender o que eles transmitiam. Muitas vezes eu fazia as provas
sem precisar estudar muito pelos livros, pois as explicações deles durante as
aulas eram suficientes. Um desses bons professores era o psiquiatra Humberto
Costa, hoje senador. Com a sua ida para o Senado, a FACHO perdeu um bom
professor e a política ganhou mais um péssimo militante.
Mas havia
um professor que quase nenhum colega dessa faculdade entendia o que ele tentava
explicar quando estava lecionando. Para encobrir a sua incompetência na arte de
transmitir conhecimentos ele se fazia uma figura temida pela prepotência e
ignorância, assim todos tinham medo de até procurar tirar alguma dúvida durante
as suas aulas. Com muita dificuldade consegui passar nas provas complexas que
ele aplicava. Na época eu sobrevivia com um salário mínimo e a faculdade eu
pagava com o programa do governo federal denominado “Crédito Educativo”. Não
gastei um tostão na conclusão do curso, também porque sempre achei uma bobagem
esse negócio de festa de formatura, anel, nomes em placas que ninguém lê,
pregadas nas paredes das faculdades, numa total poluição visual, além de outros
gastos desnecessários.
Passados alguns
anos de formado eu encontrei o tal professor “durão” num supermercado de
Olinda. Ele estava escolhendo maracujá. Aproximei-me dele, o qual me reconheceu. Pela
primeira vez eu pude dar-lhe um aperto de mão e um abraço. Perguntei como eu poderia
escolher um bom maracujá, sem que as sementes e sua polpa estivessem seca ou muito
azeda. Ele respondeu: “O maracujá tem que estar bem enrugado e
amarelado; mais pesado que os demais; e a sua polpa não pode estar balançando
dentro da casca”. Já marcando carreira para ele não me dar uma resposta
à altura do que eu iria lhe dizer, desabafei: “Tai
professor, esta foi à única explicação que o senhor me deu que eu consegui
entender”. Ele ficou boquiaberto, sem ação, enquanto lhe dei as
costas e sai dali apressado. Mas, falando em professores e estudantes, outra
coisa que aprendi nas universidades daquele tempo foi ser fã de cantores e
músicas de qualidade, hoje difícil de se ouvir entre os universitários. Na
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), aprendi um pouco de espanhol,
pois o livro principal da cadeira de Zootecnia era escrito nessa língua. Uma
das cantoras que despontava no cenário mundial daquela época era Mercedez Sosa
que gravou um dos maiores sucessos da Violeta Parra intitulado “ME GUSTA LOS
ESTUDIANTES”, cujo clipe mostro no link abaixo:
Gostei da vingança kkkk
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