A dança tem uma linguagem universal. Não conheço
e nunca vi ninguém triste dançando pois ela não exige muito de quem se propõe a
dançar, apenas que esteja envolvido com o movimento do próprio corpo e com a sensação
que esse movimento proporciona. “A dança é a arte mais
sublime, comovente, pois não é apenas uma expressão ou distração
da vida, é a vida em si mesma”, disse uma vez o psicólogo
britânico Havelock Ellis. E é difícil não concordar com isso. Muita gente
sabe que a dança é um hobby interessante e útil. Mas nem
todo mundo tem motivação e tempo suficientes para comprovar isso
pessoalmente. A verdade é que qualquer tipo de dança influencia
positivamente o organismo, independentemente da idade em que
a prática começa, seja de forma isolada ou participativa com outra pessoa.
Portanto, nada melhor do que praticarmos a dança dentro da nossa residência
durante o confinamento em que a humanidade está sendo forçada a vivenciar
durante a pandemia do novo coronavírus (covid-19). Com certeza ela irá aliviar
as tensões psicológicas e evitar as tromboses que podem surgir por causa do corpo
paralisado por muito tempo dentro de casa, seja na cama ou no sofá, diante do televisor,
assistindo somente a essas tristes notícias sobre a pandemia.
Eu comecei a experimentar esta sensação boa na
minha adolescência. Na época existiam os clubes de bairros, popularmente
conhecidos como gafieiras. No bairro de Santo Amaro em Recife, existiam duas
delas. Uma era a mais frequentada e se chamava “Salinas” e a outra mais adentro da favela do
bairro ficava a “Renascença”. O som vinha de aparelhos eletrônicos
que tocavam os sucessos do momento através dos discos de vinil. Nesses lugares
não se apresentavam Bandas e nem orquestras, mas o salão de danças vivia lotado
pelos casais conhecidos como “pés de valsa”, os quais com maestria mostravam as suas
performances no bolero, merengue e músicas românticas que depois passou a se
denominar brega. Só que a música brega daquele tempo tinha boas letras e
melodias. Também existiam os clubes dos municípios, como os de SURUBIM, conhecida como a terra das
Vaquejadas. Naquele tempo podíamos frequentar o SPORT CLUBE e o INDEPENDÊNCIA, onde eu e as amiguinhas dessa maravilhosa cidade varávamos
as noites dos sábados. Algumas ainda mantém esse ritmo, como a amiga Amparo que no natal do ano passado matou a
saudade desse tempo, dançando vários números comigo na festa da associação onde
trabalho como Diretor Social, cargo que eu exerci também no passado nos Clube
Rodoviário,
localizado na Avenida Mascarenhas de Morais no bairro da Imbiribeira e no Clube
da Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal no bairro do Janga, locais onde eu realizava
danceterias aos sábados à noite. No primeiro eu criei os
bailes semanais intitulado “DANÇARTE”, onde misturava a dança
com a arte. Nos
intervalos da banda, sempre apresentávamos balé clássico, exposição de quadros
de arte, desfiles de moda, etc. Para lá eu e dois primos levávamos uma camioneta cheia de amigas
do meu bairro para passarmos a noite dançando. Uma dessas eu encontrei por
acaso esta semana, ao fazer caminhada com a minha esposa. Esta grande amiga do
passado me lembrou que um certo dia eu a presenteei com um disco LP de vinil da
cantora argentina MERCEDES SOSA, o qual, disse ela ainda possuir.
Voltando para as gafieiras do bairro de Santo Amaro,
se você chamasse nesses locais uma mulher para dançar e começasse a pisar no pé
dela, a mesma lhe soltava no meio do salão sem dizer uma palavra (como eram
gentis...). Pois bem, foi nesse tipo de ambiente que eu aprendi forçosamente a
dançar. Depois de ter sido desprezado no meio da música e no meio do salão, fiquei sem
jeito para convidar outra dançarina. Foi quando os amigos me apontaram uma
velhinha abandonada num canto de uma mesa do outro lado da pista de dança,
dizendo que ela tinha sido uma espécie de professora da maioria dos “pés
de valsa” daquele
lugar. Fui até ela com uma certa timidez e perguntei: “Vovó, a senhora me
ensina a dançar?”. Ela respondeu: “Pois não, meu netinho”.
A partir daí, quando o disk jockey (hoje chamado de DJ), executava um bolero de
Nelson
Gonçalves, uma cumbia ou um merengue dos “Los Corraleros de
Majagual”, ou ainda uma canção do compositor e cantor recifense Reginaldo
Rossi, eu chegava até a escolher a mulher mais bonita da gafieira para
dançar, e não fazia mais vergonha. Mas quem sente um enorme prazer em dançar,
também tem as suas horas de tristeza, quando escuta uma música que lhe toca os
sentimentos e ele não encontra uma boa dama para dançar no recinto. Isso já me
ocorreu algumas vezes, principalmente quando todas as damas já estavam ocupadas,
dançando com os seus cavalheiros e eu tinha acabado o namoro com a minha
primeira namorada. Nessa hora a música que me flechava o coração era uma gravada
pelo Reginaldo Rossi intitulada “AQUELA
TRISTE CANÇÃO”, onde ele usou na introdução da melodia um acorde de música clássica.
Confira a canção na voz do cantor, compositor e produtor musical ASSIS
CAVALCANTI em
parceria com o Rei do Brega, dando um clique em cima do link
abaixo:
Amei sua crônica...Boa dica pra usar na quarentena DANÇAR...Amo praticar esse esporte.
ResponderExcluirParabéns meu amigo por essa maravilhosa crônica 🍷🍾🥂👏👏👏👏👏👏🎶🎵🎼
ResponderExcluirUm abraço
Zuza Miranda
Parabéns claudio um otimo assunto, adoro dançar e ja que não podemos dançar fora então em casa tbm tem como vc se divertir.
ResponderExcluirParabéns por essa crônica maravilhosa!!
ResponderExcluirDançar é tudo de bom👏👏🙏
Vou começar a me exercitar cpm a dança.
ResponderExcluirVou começar a dançar. Gostei da crónica.
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